Raiva pelo diagnóstico

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Olá, Mãe! Olá, Pai!

Aqui é Marcelo Rodrigues do blog O Mundo de Peu!

Por minha própria experiência, imagino o quanto você deve ter sentido raiva quando seu filho recebeu o diagnóstico pela primeira vez.

Aposto que você ficou bem chateado com os médicos por não terem descoberto isso mais cedo, ou então, ficou zangado com você mesmo por não ter percebido nada antes. Pior ainda, deve ter ficado com raiva pelas oportunidades que foram perdidas durante o tempo que levou até sua criança ter um diagnóstico fechado.

É realmente um momento difícil. Nessa hora uma carga muito grande de emoções vem à tona quando o diagnóstico é recebido pela primeira vez.

Contudo, saiba que a raiva que você sentiu é natural e comum entre os pais com um diagnóstico recente.

Sei que, como mãe ou pai, você se sente diretamente responsável por tudo o que acontece com seu filho. Afinal, você é o protetor, provedor, mentor, fonte de amor e voz do seu filho.

É completamente normal ficar pensando em tudo o que você fez, não fez, ou possivelmente deveria ter feito. 

Todos nós fazemos isso.

Não pense que você é uma pessoa má. Aliás, acredito que você seja uma pessoa carinhosa, muito carinhosa (caso contrário não estaria lendo esta mensagem agora).

Contudo, você vai mesmo sentir muita raiva durante a sua jornada como pai de uma criança autista (tanto de si mesmo quanto dos outros). Você sentirá frustração, raiva e, às vezes, constrangimento com o que o seu filho faz ou deixa de fazer.

Repito, não há nada de errado com esses sentimentos!

São emoções humanas naturais que vão e vêm. Só porque seu filho tem autismo não significa que você não possa se sentir frustrado, irritado, ou decepcionado pelo seu comportamento ou por sua reação e a reação de outras pessoas pela conduta dele.

Às vezes você quer gritar, "Por que eu? Por que meu filho?" E você imediatamente teme sobre futuro dele, sobre o que a vida vai lhe trazer, e o quanto vai ser difícil para ele.

Então, você entra em pânico só de pensar no quão grande vai ser essa luta, e depois se sente culpado por pensar desse jeito. Não se culpe, essas emoções vão melhorar com o tempo, especialmente quando você perceber que o autismo não é uma sentença para uma vida infeliz.

Um dos principais problemas enfrentados pelos pais com diagnóstico recente é ficarem tão envolvidos nas deficiências da criança, que eles até se esquecem de desfrutar de seu filho.

Lembre-se que seu filho ou filha é uma criança em primeiro lugar e uma pessoa com autismo em segundo.

Às vezes, nós ficamos tão envolvidos nas dificuldades dela que perdemos tempo de simplesmente demonstrar o nosso amor e até de apreciar as habilidades da nossa criança. Tendemos a nos concentrar mais em seus déficits do que em seus dons que são únicos.

Sim, concordo, ela terá algumas lutas que outras crianças não terão, e ela vai precisar de sua ajuda para poder igualar essas diferenças, por isso aprecie as pequenas coisas que ela fizer e tente encontrar tempo para brincadeiras e momentos de diversão.

Não deixe que a "luta do autismo" atrapalhe as alegrias da infância. No que diz respeito a ficar com raiva de si mesmo pode até ser embaraçoso, contudo, saiba que todas as crianças do espectro são muito resistentes e conseguem facilmente lidar com as reações emocionais que demonstramos diante das nossas frustrações.

Quando você demonstra amor a criança e compartilha com ela as pequenas experiências, faz com que ela tenha pequenos momentos de felicidade o que aumenta ainda mais a conexão entre vocês.

Só pelo fato de você estar aqui lendo esse artigo significa que você ama muito seu filho!

Você será um pai perfeito?

Não!

Você precisa ser um pai perfeito?

Também, não!

Basta despreocupar-se um pouco, no seu ritmo, continue aprendendo mais sobre o autismo do seu filho, construa amizades com outras famílias para que se apoiem e possam enfrentar juntos essa jornada.

Essas crianças, ou melhor, todas as crianças, têm muito para nos oferecer, e temos que acreditar que nós iremos vivenciar esses momentos de felicidade.

Haverá muitos altos e baixos, alegrias e lágrimas, mas não deixe que a tristeza ou raiva atrapalhem as boas oportunidades que vocês terão e o valor de ser um bom pai.

A boa notícia, é que você descobrirá através do seu filho, com todas as dificuldades e as habilidades únicas dele, um sentido mais profundo e uma visão diferente da vida, e acredite, ficará mais solidário consigo mesmo e com os outros.

Como nos disse o poeta Carlos Drummond de Andrade, "A dor é inevitável, o sofrimento é opcional...".

Um grande abraço!

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